quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Diário Catarinene: Escola de Florianópolis oferece curso de Robótica e desperta interesse de adolescentes em atuar na área


Brincadeira de gente grande

Escola de Florianópolis oferece curso de Robótica e desperta interesse de adolescentes em atuar na área

Especialistas explicam que a disciplina ajuda a desenvolver a criatividade e o ensino multidisciplinar

Por Karine Wenzel

Quem entra na sala de aula pode pensar que o espaço repleto de brinquedos é como outro qualquer de uma escola. A cena remete a isso quando se veem jovens com idade entre 11 e 14 anos brincando com peças de lego de forma descontraída. Mas na verdade trata-se de um curso de Robótica da Escola Básica Municipal Beatriz de Souza Brito, no bairro Pantanal, em Florianópolis. Embora o assunto pareça ser de gente grande, aos poucos ele começa a fazer parte do universo de crianças e adolescentes. Muitos deles já sonham com um futuro profissional em meio a softwares, robôs móveis, engenharia e computação.

O aluno da oitava série Thiago Arnhold de Azevedo, 13 anos, é um deles. Acostumado a brincar com as peças do lego, ele agora utiliza o conhecimento para montar robôs móveis que carregam coisas e até podem ajudam equipes de salvamento em catástrofes.

— O curso é muito interessante porque estimula a gente a trabalhar em equipe — comenta Thiago, que planeja atuar na área de engenharia da automação daqui a alguns anos.

O garoto é um dos 25 alunos do curso de Robótica da Beatriz de Souza Brito, um projeto que faz parte da Jornada de Educação Tecnológica (JET) e que conta com o apoio da prefeitura de Florianópolis.

Conforme a supervisora de Educação do Sesi, Karine Ribeiro, a JET — iniciativa do Sesi-SC em parceria com a Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate) — começou a desenvolver cursos em 2006 e já formou mais de 400 jovens em diferentes áreas de tecnologia. Na escola de Thiago, os alunos aprendem noções básicas de robótica de forma lúdica e divertida durante o encontro semanal de três horas. Conforme o instrutor da turma, Hugo Gomes, as crianças já nascem sabendo e adoram tecnologia.

— Às vezes eu até aprendo com eles. Acho que quanto mais cedo conseguirmos fazer despertar esse interesse, melhor será o ingresso profissional — afirma Gomes.

Curso ajuda a desenvolver a criatividade e o ensino multidisciplinar

Exercitar a criatividade e relacionar conhecimentos de diversas disciplinas são algumas das vantagens apontadas por especialistas sobre o ensino da robótica para crianças e adolescentes nas salas de aula. De acordo com Silvio Kotujansky, diretor da Vertical Educação, grupo de empresas do setor vinculado à Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate), os projetos que envolvem robótica são desenvolvidos em ambientes de aprendizado muito ricos, pois ensinam os alunos a utilizarem materiais como sucata, motores, sensores e softwares. Além disso, transformam a teoria em prática e de forma lúdica.

— Eles (alunos) trabalham em equipe e com gestão de projetos, além de usarem noções de física, matemática e até português — avalia.

Em contrapartida, as organizações também saem ganhando com a iniciativa. Kotujansky afirma que as empresas precisam de profissionais que saibam inovar, que sejam criativos e entendam de tecnologia para atender a um mercado cada vez mais competitivo.

O professor Anderson Luiz Fernandes Perez, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), coordena o Projeto Oficina de Robótica da instituição no campus de Araranguá.

Lá, os estudantes do ensino médio da Escola de Educação Básica Professora Maria Garcia Pessi são capacitados para desenvolver pequenos dispositivos robóticos. Mas a contribuição do projeto vai muito além disso.

— Contávamos com alunos que nem tinham ideia do que estudar e hoje se interessam pelo curso. E tem aqueles que despertaram a vontade de fazer Engenharia de Computação, por exemplo, a partir das aulas de robótica — diz.

Modelo de trabalho será desenvolvido para as meninas no próximo ano

Na avaliação do professor, as escolas deveriam ter disciplinas de engenharia e robótica em sua grade curricular para suprir a carência do mercado de trabalho.

O projeto Oficina de Robótica, que tem financiamento do Conselho Nacional de Pesquisa de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da mineradora Vale S.A, deve atender 120 alunos até fevereiro de 2014. No próximo ano, Perez planeja desenvolver um novo trabalho, também de robótica, porém voltado exclusivamente para as meninas do ensino médio.

Foto: Daniel Conzi / Agencia RBS

Reproduzido de Diário Catarinense
26 nov 2013

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